Como lidar com namoro na adolescência, uma fase cheia de descobertas e emoções
Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul orienta pais e responsáveis sobre o papel do diálogo e do respeito nas relações afetivas dos adolescentes

A chegada da adolescência é marcada por intensas transformações físicas, emocionais e sociais — e com elas, surgem também os primeiros interesses afetivos e o início dos relacionamentos amorosos. Nesse contexto, é comum que pais e responsáveis se perguntem qual a idade certa para começar a namorar, como impor limites saudáveis ou até mesmo como reagir diante da novidade.
Para orientar as famílias nesse tema, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) traz reflexões importantes sobre o papel da família na construção de vínculos afetivos saudáveis. “O primeiro o é entender o que significa namoro para aquele adolescente. Pode ser apenas uma relação de afeto, de proximidade, de troca de mensagens ou jogos compartilhados. Nem sempre envolve beijo, muito menos relação sexual”, explica a médica de adolescentes e especialista em desenvolvimento, a hebiatra Lilian Hagel.
De acordo com Lilian, é essencial que os adultos compreendam que crianças e adolescentes estão em processo de descoberta e que, muitas vezes, repetem comportamentos que observam nos adultos ao seu redor. “Eles são esponjas. Se escutam os pais falando em namoro, vão tentar assimilar isso na própria linguagem afetiva. Por isso, o papel dos pais é observar, escutar e interpretar com responsabilidade, sem precipitar julgamentos”, orienta.
A especialista também destaca que, biologicamente, as meninas tendem a iniciar a puberdade cerca de dois anos antes dos meninos, o que pode gerar diferenças de interesse ou maturidade entre os pares. “É importante lembrar que cada adolescente é único, e o desenvolvimento emocional nem sempre acompanha o físico”, diz.
Outro ponto de atenção está nos comportamentos de controle e ciúmes, que podem surgir cedo e devem ser observados com cuidado pelos pais. Relacionamentos abusivos não começam apenas na vida adulta. Por isso, é fundamental que os pais estejam atentos e dialoguem com os filhos, sem imposições, construindo com eles noções de respeito, autonomia e empatia. Segundo a hebiatra, os erros mais comuns dos pais estão relacionados à antecipação e à falta de escuta.
“Muitas vezes, os adultos interpretam o namoro como algo perigoso ou, ao contrário, pressionam os filhos a entrarem em relacionamentos por comparações com colegas. Nenhuma dessas posturas é saudável. O ideal é oferecer acolhimento e construir juntos um entendimento do que aquele vínculo representa”, finaliza. A SPRS reforça que o namoro na adolescência pode ser uma vivência rica e saudável quando há diálogo, apoio familiar e maturidade emocional.